terça-feira, 4 de junho de 2013

Lendo a vida

    Lemos no afago de nossas mães a ternura; lemos  nos olhos de nossos amigos a felicidade; lemos sentimentos e sensações; frases e orações.
    A vida é repleta de símbolos e significados, mas raramente paramos para refletir, ou ainda, resgatar na mente em que momento começamos a ler.
        Reunimos alguns relatos de quando a leitura foi iniciada em nossas vidas e esperamos, também, ler as experiências de nossos amigos.

 Meu grande amor aos livros

           Falar de livros é como falar da minha vida. Na minha infância, não havia livros em casa e todo contato que eu tinha com livros era na escola. Foi na quinta série, quando recebi o livro didático de Língua Portuguesa, encantei-me com os textos que ali encontrei, não sei por que, mas aos doze anos, o poema "Juca Mulato", de Menotti Del Picchia, que falava do amor de um caboclo pela filha do patrão, a linguagem poética me deixou deslumbrada, de tal modo que decorei o poema e, ainda hoje, não perco a oportunidade de recitá-lo. Como o livro não era meu, precisava devolvê-lo no final do ano, decorei os textos para guardá-los para mim e lê-los na memória nos momentos de solidão.
           E, assim, fui descobrindo outros autores, li muito José Lins do Rego, José de Alencar, Maria José Dupré, Machado de Assis, como amei Machado! Depois, chegaram Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Charles Dickens e Clarice Lispector? Seus livros me arrebataram até que apareceu na minha vida Lygia Fagundes Telles. E Rubem Braga? Como poderia esquecê-lo?
           Longas caminhadas eu fazia para emprestar livros na biblioteca Monteiro Lobato. Mais tarde, quando comecei a trabalhar, não comprei coisas, como faria qualquer jovem. Comprei livros, tenho-os comigo até hoje, já bastante gastos pelo tempo, amigos inseparáveis, companheiros de uma vida inteira. Os livros muito me ajudaram a compreender a vida, trouxeram alento e encantamento à minha adolescência repleta de trabalho e dificuldades, numa época em que livros e estudos eram privilégios de poucos.
           Foi assim, que os livros entraram na minha adolescência, tomaram conta da minha vida toda e fizeram de mim tudo que sou: uma apaixonada leitora que se encanta ao ler.                                                                
                                                                                    Professora Ivone





 De leitora à autora

Minha mãe, tinha o hábito de ler para mim, pois essa era a única maneira de me ver quieta; me encantava como em poucas páginas havia tanto: cenários, falas, personagens, conflitos e desenhos. Contudo, minha leitura ficava condicionada à disponibilidade da Dona Leila, minha mãe.Então, quando ela lia  me concentrava ao máximo para memorizar a sequência de fatos e falas para  que posteriormente eu "lesse" sozinha, se necessário.
Eu sempre fui filha única, tinha as bonecas como irmãs e livros como companheiros. Diversas vezes era flagrada embaixo de um edredom com livro em punho, associando as imagens do livro às memórias que tinha das leituras feitas pela minha mãe.
   Ainda com três anos, comecei a ler o mundo.Perguntava as letras, casaizinhos (sílabas);trocava logotipo por slogan e me arriscava decifrando cada livro;  inventava, recriava, parafraseava , tinha liberdade de interagir com minhas amigas inseparáveis: as letras.
Finalmente, aos cinco anos, comecei a ler, e lia tudo: placas, marcas, gibis, contos. E me sentia especial por saber ler, pois agora sim me via como cidadã, pois compreendia o mundo por meio das letras; contudo o mundo ainda não me compreendia. De que valia saber e não compartilhar? Conhecer e não contribuir? Eu precisava expressar tudo aquilo que eu aprendi. Foi então que resolvi ensinar as minhas bonecas a ler; mas para tal eu precisava de um instrumento.
  Certa feita, esgotadas as possibilidades de uso de minhas cartilhas e livros, resolvi montar uma nova com minhas contribuições e reflexões. Recortei-a e em um trabalho árduo de colagem, desenho e criação de exercícios ela foi concluída. Mostrava com esmero minha proeza, e queria lê-la a todos , ou seja, compartilhar o que eu tinha aprendido , o que eu tinha a dizer. Desde então não parei de ler.
Minha maior dificuldade de iniciar uma leitura sempre foi a ansiedade em concluí-la, pois a cada linha, lauda, capítulo vou sendo envolvida pela história, me identificando/ diferenciando das personagens ou autor e apenas consigo "me libertar" quando a concluo. Libertar em partes, pois a cada leitura sou impactada e reinventada; as obras nos deixam marcas, nos abre horizontes, nos transporta a outros contextos e impulsionam a reflexão. 

  Encontrei na leitura o ponto de partida para o exercício da criatividade, refugio da solidão, recriação do mundo e a possibilidade de interagir com pessoas e lugares que fisicamente seria impossível. Para mim a leitura sempre foi a primeira e última opção.
                                                              Professora Jamile Novais





Leitura lúdica
  A minha experiência com a leitura na infância foi lúdica e informal. Confesso que não tínhamos muitos livros em casa, porém os poucos eram explorados por todos da família. Sempre gostei de ler e isso refletia até nas minhas brincadeiras, como por exemplo, gostava de brincar de "escolinha". Através do brincar, lia sozinha os livros infantis, adorava os contos de fadas e a partir da leitura me imaginava integrante da história.
Durante a minha infância eu e minha mãe morávamos com meus avós e, por serem religiosos, costumávamos ler a bíblia também. Mas a leitura da bíblia era realizada de uma forma prazerosa e sutil. Nos reuníamos na sala e ali todos liam trechos e comentavam a respeito. Adorava estes momentos, pois admirava ver todos da família lendo, minha avó lia com uma voz doce e suave.        Além disso, fazia coleções de gibis da Turma da Mônica, ficava horas me divertindo com essa leitura. E minha mãe costumava ler contos infantis, que me fascinava.
Lembro-me também dos livros solicitados na escola, geralmente eram séries, e eu também adorava lê-los. Sempre gostei de ler as narrativas dos livros didáticos, fazia questão de participar oralmente nas aulas.
Já na adolescência, lembro dos primeiros livros com um contexto adulto, como Madame Bovary, O crime do Padre Amaro, Dom Casmurro, Vidas Secas, Memórias póstumas de Brás Cubas, entre outros livros que ficaram na memória.
Mas com o passar dos tempos, fui me interessando mais pela leitura de contos e poesias, principalmente as obras de Clarice Lispector, muitas vezes, me emociono com seus textos, é como se ela escrevesse com o coração.
Enfim, a leitura é algo que está sempre presente no meu cotidiano, hoje com uma filha de 04 anos, meu tempo é mais reduzido, mas já incentivo o gosto pela leitura. Em casa temos vários livros infantis e sempre leio para ela, que alíás, é um momento de diversão.

Professora Grazieli Rodrigues Pietoso







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